o autor
Vivo entre o caos e ordem, sempre.
Entre o soco e o sopro.
Entre o “entre” e o “corra”.
Entre a trepada e o cafuné.
Vivo à procura de sentimentos atropelados pela pressa deste mundo que pinga veloz, revirando lixos e escombros em busca de vida ou qualquer gemido que mereça virar texto.
Vivo atrás do que nos implode, daquilo que ninguém pode pegar apesar de viver a nos pegar de jeito – como um chupão que suga a alma.
Vivo porque escrevo. Escrevo o que vivo, e, às vezes, os desejos que deixo estrebuchar até morte, contendo-me para não me entregar a eles.
Escrevo para desfibrilar, antes de tudo. E também para assassinar a ideia de que precisamos escolher entre isso e o aquilo, cafajeste e romântico, beijo e mordida…
Escrevo porque na escrita posso ser até mesmo quem eu sou.
Escrevo porque na escrita não preciso ser nem um pouco do que sou.
Escrevo porque assim, talvez, eu acabe descobrindo o que sou.
Até lá, escrevo. Entre o caos e a ordem, o soco e o sopro, o “entre” e o “corra”, a trepada e o cafuné.