Querida, quando notar suas pétalas caídas no chão do banheiro e, no espelho, só enxergar madeira retorcida, lembre-se de que o outono é só uma das estações da vida.
E mesmo que, no inverno, em seu reflexo não veja cor alguma, que sua percepção embaçada de si demore domingos a dar trela, recordo-te: por dentro você é, e sempre será, um Ipê de flor amarela. Dos mais imponentes. Lindo de viver! Desses raros que a gente até para o carro para fotografar, que no meio de um dia corrido, robótico e cinza, ajudam-nos a recordar o que de fato a vida tem de bela.
Apesar de poder encobri-la, e até mesmo sufocá-la, nunca se esqueça de que nuvem alguma é capaz de apagar uma estrela. Ainda mais a sua, luzinha tão singular, que brilha insistente até no silêncio de seu quarto escuro, que posso sentir de longe até quando, entre nós, há muito concreto e muro.
Seu verão está por vir, não me resta dúvida, e mesmo que ele seja pra lá de instável, cheio de oscilações, que seu solão venha acompanhado por tempestades, tornados e trovões, afirmo: seguirei firme e forte ao seu lado. De guarda-chuva e guarda-sol à mão, tanto faz… Provando que o amor é sintonia inabalável que pega bem em qualquer estação.