“Você não vai se casar nunca?”, uma amiga me perguntou em tom de espanto, de olhos arregalados, como se “namoro” fosse um tipo de relacionamento menos sério do que “casamento”; como se ainda me faltasse um último ato para validar aquilo que, para mim – e para você também, certo? -, já foi validado faz tempo – no dia em que decidimos caminhar juntos por esta imprevisível e esburacada avenida chamada vida.
Não preciso assinar papéis nem usar aliança para legitimar a vontade que sinto de dividir esta existência – e tudo que ela tem a oferecer – contigo. O amor que sinto por você, meu bem, não precisa de burocracias nem de símbolos mensurados em quilates. Não precisa de anuência de padre, família ou sociedade. Não precisa permanecer exposto – em forma de status de rede social – a pessoas que nada têm a ver com o lance bonitão que temos compartilhado por achar que podemos nos somar. Nosso amor precisa, apenas, da aprovação dos nossos corações e da força de vontade necessária para nos mantermos sólidos – e unidos – neste mundo em que pessoas têm trocado parceiros com a mesma facilidade com que trocam de celulares e cortes de cabelo. E isso nós já temos, não é mesmo?
Nosso amor é sentimento cujas luzes se mantêm acesas graças a tudo que já construímos e enfrentamos juntos, devido às memórias incríveis que vivem a brotar para nos lembrar do quanto ornamos apesar dos gostos e características que nos diferem. Nosso amor não dá a mínima para rótulos e convenções sociais, pouco se importa com título que você precisa usar nas vezes em que me apresenta às amigas com quem esbarra no shopping – “Este é o Ricardo, meu namorado”. Nosso amor se liga em atitude e respeito, alimenta-se de coisas que ficam evidentes mesmo quando calados.
E como eu tenho tanta certeza do que sinto por você? Simples: sempre que penso na iminência da morte sou tomado pelo pavor de deixá-la desamparada neste mundo áspero e egoísta. Não é a minha partida que temo. Nem a dor que provavelmente precederá meu último suspiro. Temo a possibilidade de lhe faltar uma porção de coisas necessárias – carinho, principalmente! Temo, também, que saia de cabelos molhados num dia congelante – ou que volte a comer só porcaria – por não ter ninguém por perto realmente disposto a zelar por você. Você me entende?
Hoje é Dia dos Namorados lá na gringa, eu sei. Mas muito antes de sermos valentine´s (namorados em inglês), somos parceiros. E isso me parece um presente muito mais valioso do que os tantos anéis e buquês que foram vendidos neste dia mundo afora. Somos parceiros de verdade, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, por amor, compreensão e porque assim queremos continuar – e não por causa de um juramento robótico feito sob um altar.
Somos parceiros, meu bem. E não consigo pensar em presente maior na galáxia. Somos parceiros hoje, no dia 12 de junho e em todos os outros. Parceria verdadeira não precisa de calendário para acontecer, afinal. Muito menos de data comercial para ser celebrada. Aliás, topa um cineminha com pipoca amanhã, quando o ingresso é mais barato?