Mudanças pequenas que fazem a diferença

Para mim, este foi o ano das mudanças.

Antes mesmo do mês 6, traguei todo oxigênio que pude, encaixotei meus livros, dei calmante à Samira (minha gata medrosa) e peguei um voo só de ida a Florianópolis, de onde escrevo agora.

Troquei o corre-corre de São Paulo, que estava demasiadamente áspero ao meu gosto, pela brisa mansa da Ilha da Magia.

Então aproveitei o embalo da transição geográfica para reavaliar diversos campos da minha vida em busca de mudanças capazes de otimizá-la.

Comecei pela saúde. Não sou mais moleque, afinal! E em vez de dar uma nova chance a dietas restritivas e estilos de vida que não fui capaz de suportar por mais do que semanas, resolvi buscar alternativas realmente viáveis que, apesar de não proporcionarem resultados imediatos, podem ser mantidas por longos períodos, incorporadas de fato à minha rotina.

Tipo o quê? Tipo trocar o elevador pela escada e o carro pela caminhada sempre que possível.

mudanças como subir escadas fazem diferença

Agindo assim eu não vou me tornar um ultramaratonista, eu tô ligado. Mas os degraus e passos a mais farão enorme diferença à minha saúde, acredite. Principalmente daqui a alguns anos, quando terei completado uma volta no globo somente com pernadas ao supermercado, à academia e ao bar – por que não, né?

Aliás, falando em bar, em vez de optar por cortar o álcool de vez, como já havia tentando fazer em surtos fitness, resolvi viver uma vida na qual a cerveja – e até o uísque – convive harmonicamente com atividades físicas, saladas e tudo quanto é parada fibrosa e rica em antioxidantes.

É só não misturar as bolas, oras! Há dias em que eu puxo ferro, como batata-doce e bebo suco verde; e há, também, dias em que vou de coxinha “raiz” (nada de chia e outras descaracterizações) e chope. Sacou?

E, diferente do que já fiz antes, eu não tenho um cronograma com os dias nos quais a bebida e outras pisadas na jaca são liberadas. O motivo é simples: convites para uma cervejinha e aniversários surgem no meio da semana, e não faz sentido dizer:

“Não poderei ir… De acordo com minha planilha, hoje não é dia de beber nem de comer carboidratos simples. Sorry. O que acha de remarcar seu aniversário para o sábado, dia em que posso ingerir álcool?”

Se bebo e como mal num dia, nos seguintes eu me esforço para equilibrar as coisas. Ou seja, vou de água com limão e tudo quanto é troço integral e natureba. E assim, seguindo apenas o bom senso e sem me pressionar, eu vou levando. Leve como nunca.

Ainda em relação à alimentação, em vez de tentar as dietas malucas indicadas pelos nutricionistas bolados do Instagram, eu sigo apenas 3 regras:

 

Priorizar a ingestão de alimentos de verdade

Dou preferência a alimentos que passaram por poucos processos industriais. Em vez de me preocupar em comer de 3 em 3 horas, contar calorias e outras regrinhas do tipo, eu me preocupo em comer alimentos de boa qualidade, com o mínimo possível daqueles ingredientes sabidamente nocivos que a indústria mete em tudo, mostrando que se lixa à nossa saúde. Evito embutidos, enlatados e congelados, por exemplo. E como arroz, feijão, ovo e salada sem culpa. Para entender melhor sobre comida de verdade, vale clicar aqui.

mudanças na alimentação como inclusão de arroz e feijão fazem bem

Não comer até passar mal

Em Okinawa, um conjunto de ilhas do extremo sul do Japão, há um índice de longevidade bem alto. Muita gente vive mais do que cem anos por lá – e vive bem! Vários hábitos contribuem para isso; entre eles, uma prática chamada hara hachi bu, que significa “comer até está 80% satisfeito”.

À minha maneira, sem muita nóia, tento fazer o mesmo: paro de comer quando a gula ainda insiste para que eu coma mais, não ouço a voz interior que diz:

“Só mais uma colherada de arroz, seu cu de ampola. Mais uma batata também, vai lá! Só mais um pratinho, seu verme!”

 

Um pouco de tudo e sem mudanças insustentáveis

Hoje eu penso a longo prazo, em modelos alimentares que eu serei capaz de seguir pelo resto da vida. Sendo assim, não posso me limitar a comer frango com batata-doce e salada, certo? Por mais saudável que a combinação seja, enjoa. Sem contar os nutrientes que ficarão faltando se comer só isso, né? Por isso, aqui eu tento variar: um dia massa ao molho vermelho (feito com tomate de verdade, vale ressaltar), no outro arroz integral com feijão e frango, no seguinte peixe com mandioca e por aí vai…

Além disso, não faço mais mudanças insustentáveis em minha alimentação.

Explico: não incluo ingredientes malucos ou extremamente caros em minha rotina alimentar como já tentei fazer um dia.

Goji berry faz bem, eu sei… Mas é muito cara para mim, e não tem em todo supermercado, e… Sendo assim, prefiro focar em alternativas que poderei sustentar, como frutas fáceis de achar que não custam rins. Captou?

E minhas mudanças não se limitam ao campo da saúde/alimentação: mudei também a minha relação com as roupas que uso.

Como assim? Hoje escolho vestimentas que me representam de verdade; camisetas das bandas que curto, de cinema, com frases que expressam minhas ideologias; marcas que vão bem além da etiqueta, que me ajudam a transmitir ao mundo o que sou por dentro, em silêncio… E peças básicas, claro.

Porque, de alguma forma, sinto que caminho cada vez mais em direção à minha essência, àquilo que realmente importa de fato em meio a este monte de adereço inútil.

Já me convenceram de eu me limitava à roupa que vestia, de que precisava de marcas ostentadoras de vazios para ser marcante. A publicidade é forte, né?

Hoje, porém, sei que sou mais, muito mais. Sei que uma camiseta branca e um par de botas cheio de história me bastam para sair por aí e deixar minhas pegadas no mundo. Roupas são rótulos, apenas. E de nada valem se não vierem acompanhadas por conteúdo. Manja?

Sem contar que eu reduzi meu guarda-roupa pela metade. Talvez mais. E sempre que percebo algo lá que não me representa ou que será mais útil a outra pessoa, eu doo sem hesitar. E quer saber? Mais leve e feliz eu me sinto a cada desapego. Perceber que minha felicidade independe daquele monte de pano é incrível, juro.

Quanto mais coisas superficiais eu tiro da frente, mais me aproximo do que realmente necessito.

Por fim, quero falar de duas mudanças que fiz e que elevaram muito minha qualidade de vida: diminuiu meu tempo nas redes sociais e parei de tentar fazer mil coisas ao mesmo tempo.

As redes sociais e plataformas digitais são fantásticas, não nego. Provocaram tantas revoluções comportamentais que poderia escrever um livro só sobre isso. Graças a elas, por exemplo, eu posso compartilhar meus pensamentos com você e, sem sair de casa, aprender muito mais sobre tudo quanto é coisa, de mitologia nórdica a técnicas para evitar que o bolo murche.

Contudo, se você tenta acompanhar todo o fluxo de informações e acontecimentos do mundo digital, a tendência é que você fique angustiado, ansioso, com a sensação de que está sempre para trás, mesmo que passe o dia de olho num smartphone com uma porrada de janelas abertas.

Quem tenta acompanhar o bonde da modernidade, muito provavelmente, acabará desconectado da realidade enquanto tenta, desesperadamente, manter-se presente em mim terrenos pixealizados.

mudanças como usar menos o celular fazem a diferença

Como sei?

Eu tentei, ué. E, quando vi, estava diluído: havia Coiro em todo canto, do Brasil à Califórnia. Mas eu não estava em lugar algum, essa que é a real.

O que eu fiz então?

Primeiro, aceitei que acompanhar os passos do monstro chamado internet é humanamente impossível. Não dá e ponto final!

Depois, determinei momentos do dia para usar as redes sociais e tudo aquilo que a mundo digital oferece. Fiz isso porque eu conferia o celular a cada minuto, como se precisasse acompanhar tudo para salvar a humanidade; como se respostas a e-mails e comentários em postagens não pudessem esperar um segundo sequer. Mas podem, acredite.

Uma socióloga norte-americana chegou a falar que “o celular é o novo cigarro“, aliás. E tem total razão!

A verdade é que a sensação de urgência está na nossa cabeça, apenas…

Ninguém vai morrer se você interagir só à noite com o comentário que fizeram de manhã em sua foto.

Os golfinhos não serão extintos se deixar o celular no modo avião enquanto produz algo.

Você não ficará obsoleto se não ler tudo que a internet divulga como imperdível, transformador e urgente, pode apostar.

Pelo contrário: sentirá um alívio que nem imagina. E, com sorte, perceberá a quantidade de coisas lindas e reais das quais nos desconectamos quando passamos dias e mais dias mergulhados em mundos invisíveis.

Quando reduzi o tempão que passava vagando nos cantos mais inúteis das redes sociais, consegui direcionar meu tempo e energia a coisas mais agregadores, como a leitura. Eu lia um livro por mês, no máximo. Pouco para um escritor, não acha?

Hoje, usando apenas o tempo que usava inutilmente nas redes sociais, consigo ler facilmente 3 livros por mês. Ou tomar uma cerveja com um amigo. Ou fazer um bolo de cenoura recheado de brigadeiro. Ou… Qualquer coisa mais útil do que me tornar uma massa boiando sem propósito nas corredeiras sedutoras do mundo digital.

Pequenas mudanças podem trazer resultados fantásticos, essa que é a verdade. Aproveite o ano que está chegando para pensar em sua vida e descobrir quais mudanças pode fazer para melhorá-la. Garanto que há muito a fazer e que conseguirá se estiver verdadeiramente disposto.

Boa sorte!

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Ricardo Coiro

Ricardo Coiro

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